O olhar de um service designer brasileiro sobre a Europa
- mauritycaza
- 14 de jul. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 18 de jul. de 2022
Esse texto faz parte de uma série de 3 escritos sobre minhas experiências pessoais, vivências de um brasileiro que, por 15 dias, visitou 5 países na Europa e viu um pouco de tudo ou bastante de quase nada, ou seja, não se trata de um estudo completo, antropológico, científico ou, muito menos, político.
Os textos vão tocar ensaios sobre a visão geral (este texto), um apanhado sobre experiências específicas com marcas, como: Disney, Schlumberger Kellerwelten Champagne, Heineken, Hard Rock Café, Lindt, entre outras (segundo texto) e, por fim, uma percepção sobre os serviços regulares: metrôs, trens, segurança, limpeza, sinalização e auxílio aos forasteiros.
Hoje, o artigo revela algo abrangente sobre a imagem que a Europa tem. A Europa ideal! A superorganização, educação das pessoas, o funcionamento perfeito das coisas e os direitos adquiridos. Com certeza, o texto a seguir tem um formato diferente dos que podem ser vistos em blogs de viagem. Não é essa a intenção! Não quero te ensinar a viajar pela Europa com dicas e hacks bacanas, mas sim te dar uma visão, um alinhamento de expectativas sobre o que poderá encontrar, nada muito rebuscado, pra não fugir do formato de conversa.
Os países visitados foram: Alemanha (Bonn e Colônia), Holanda (Amsterdã), França (Paris), Itália (Milão e Veneza) e Áustria (Viena e Spielberg).

O outro lado do oceano guarda outros lados
A imagem é dúbia.
A organização existe, mas não impera.
A educação é vista, mas não se sobressai.
Os direitos adquiridos são reais, inegável!
Muitos problemas, como no Brasil.
Pessoas com fome pedindo esmola, algumas deitadas nas ruas, um contraste real no mundo todo, mas, mais velado em algumas partes. Poucas pessoas negras em turismo, majoritariamente negros em empregos de baixa remuneração ou subempregos, como os refugiados ou imigrantes do mundo árabe.
Essa de que o mundo europeu é a maravilha se comparado ao que existe no Brasil, tem lá suas meias verdades. O consumo na Europa é mais fácil, mais barato e mais justo! Os impostos são recolhidos na renda e não tanto nos produtos, ao contrário do Brasil, que temos mais impostos em produtos e ainda uma taxação alta na renda que desfavorece, muito mais, os menos favorecidos. Para brasileiros que consomem na Europa, um alento, uma vez que os preços dos produtos em mercados são mais baratos, assim como nos restaurantes, onde também é possível encontrar boa comida a um preço local bem justo, principalmente em áreas menos turísticas.
Assim como no Brasil, alguns lugares são mais perigosos, algumas possibilidades de ficar sem a carteira são reais e o turismo tem seu valor inflacionado, comparado aos preços para os "locais”. É sempre bom procurar por perímetros menos turísticos e aproveitar os preços que os moradores pagam, mas claro, em eventuais escolhas por experiências diferenciadas com vistas para ruas, monumentos e paisagens famosas, compensa o esforço! É a tal tendência dos lugares “instagramáveis” e, claro, você paga por isso.

A arquitetura é deslumbrante e o visual natural é ainda mais impressionante. Os rios, árvores, campos e o céu, tudo parece combinar, mas falta algum "zirigdum" no calor humano. Sinto que as pessoas são mais introvertidas, falam apenas o necessário. O atendimento, em muitos lugares chega a ser "ameaçador" pra quem não domina o inglês (a França não foi uma surpresa nesse quesito). A receptividade ou hospitalidade não são experimentações tão fáceis como no Brasil, sobretudo em Minas Gerais, que é o meu lugar.
Estivemos em Colônia, na Alemanha e em uma simples hesitação na hora de fazer o meu pedido em um restaurante, a atendente virou as costas pra mim e foi atender outra pessoa da mesa. Do início ao fim do serviço a atendente fez com que eu não existisse. Meu cunhado fez o meu pedido! Como bom brasileiro, eu ri e isso virou piada depois, mas me senti meio mal na hora.
Passar esses dias na Europa, viajando por 5 países em 15 dias, foi uma experiência "não imersiva" e talvez pouco conclusiva, mas, como bom designer de serviços, a observação dessas linhas e entrelinhas podem ser consideradas um "estudo prévio" sem compromissos com qualquer ciência. Um olhar brasileiro sobre o funcionamento e as disfunções europeias no seu núcleo menos problemático, onde o obscuro [quase] não existe, mas sim, existe a possibilidade de transportar essas ideias para a ideia de Europa-real, que também aparecerá em outras perspectivas nos próximos textos.
Ao Brasil, minha esperança.
Eu acredito que o povo do meu país tem a fé, o jogo de cintura, a força e as possibilidades de um país muito novo, em comparação com os do "velho continente", pra fazer do lugar que vivemos, um lugar admirado, mais admirado.
Muuuito da hora. A forma com que trouxe a sua experiência, faz-me ter confiança e credibilidade no que diz. Show! Parabéns